"A Associação dos Amigos da Biblioteca Nacional de Portugal organizou no dia 23 um jantar de angariação de fundos a fim de enriquecer as colecções da BNP e contribuir para o restauro e divulgação do seu acervo. A adesão à primeira iniciativa pública ficou aquém das expectativas. Foram cerca de 20 as pessoas que responderam ao repto da Associação dos Amigos da Biblioteca Nacional de Portugal (AABNP) e estiveram presentes, quinta-feira à noite, num jantar de recolha de fundos no restaurante Kool, na Casa da Música, no Porto. As expectativas da associação eram grandes em termos de adesão, mas à última hora muitos decidiram enviar um donativo, mas não comparecer ao jantar. Assim, entre o jantar, o leilão e os donativos, a Biblioteca Nacional de Portugal vai poder contar com mais oito mil euros para levar a cabo o enriquecimento, divulgação e restauro do seu acervo patrimonial.
A AABNP existe desde Março deste ano e este jantar foi a primeira iniciativa pública da associação. Do conselho de fundadores fazem parte nomes tão sonantes como António Lobo Antunes, Eduardo Lourenço, Francisco Pinto Balsemão, Isabel Pires de Lima, Pacheco Pereira, José Saramago, Lídia Jorge, Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares ou Vasco Graça Moura.
A verdade é que poucos apareceram, contrariando assim o argumento utilizado por José Miguel Júdice, presidente da associação. “O objectivo é envolver a sociedade civil em iniciativas deste género, à semelhança daquilo que já acontece há muito no estrangeiro”, disse o advogado. Já Jorge Couto, director da BNP, realçou a necessidade de conservação do espólio da biblioteca, uma vez que, justifica, “existem muitos exemplares que, fruto do papel acidificado em que foram feitos, precisam de um tratamento constante e dispendioso”. Este tipo de iniciativas de solidariedade têm um papel muito importante para as instituições, “e as pessoas têm que deixar de pensar que cabe ao Estado a função exclusiva de financiar aquilo que é de todos”, referiu o responsável.
Uma das personalidades presentes no jantar foi o escritor Mário Cláudio que referiu que “a biblioteca nacional, e as bibliotecas em geral, não têm o protagonismo devido. As pessoas continuam a achar que as bibliotecas são locais de estudo”. Entre os donativos para o leilão contou-se uma colecção de cinco gravuras de homenagem a Almeida Garrett, de edição limitada, oferta da ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima."
Fonte: O Primeiro de Janeiro - 25-11-006
Ver ainda entrevista com José Miguel Júdice, Presidente da AABNP Etiquetas: Biblioteca Nacional, Bibliotecas e Sociedade |